O Instituto Brasília Ambiental esteve presente, na manhã desta quinta-feira (28), na Audiência Pública para discutir a infestação de carrapatos no Distrito Federal. O evento, realizado na sala de comissões da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), teve o objetivo de dialogar sobre medidas de controle populacional de capivaras como estratégia para evitar doenças causadas por carrapatos, proposta em projeto de lei de iniciativa do deputado Ricardo Vale.
Durante o evento, que contou com a participação de especialistas de diversas instituições, o presidente da autarquia ambiental, Rôney Nemer, chamou a atenção para uma perseguição existente contra as capivaras.
“Fala-se mais dessa espécie do que dos próprios carrapatos que podem ocasionar doença, em contato com o ser humano, caso estejam contaminados pela bactéria Rickettsia rickettsii. E não são somente elas as hospedeiras, como também os eqüinos, cães, gatos e roedores. Tanto que, no estudo realizado por 15 meses, no qual o Brasília Ambiental participou junto com a Sema {Secretaria de Meio Ambiente e Proteção Animal} e a Católica {Universidade Católica de Brasília}, onde mais se encontrou carrapatos, ao longo da orla, foi na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Lago Norte, sendo que, no local, havia a presença apenas de eqüinos”, alertou o dirigente do Instituto quanto a tendência em tachar as capivaras como transmissoras de febre maculosa.
A coordenadora do estudo de identificação e monitoramento da população de capivaras da orla do Lago, professora Morgana Bruno, da Universidade Católica de Brasília (UCB), destacou os aspectos que devem ser considerados quando se fala em controle populacional. “Todo animal na natureza vive de forma limitada. Capivaras competem entre si mesmas, por alimentação, brigas, morrem de doenças. Tem ainda o fato de que o Lago Paranoá conta com seis afluentes. Ou seja, tirando-os da orla, não há como impedir o fluxo”, disse a docente.
A professora apontou ainda, por meio de suas pesquisas, que é possível a adoção de carrapaticidas para evitar a proliferação dos parasitas, como um meio de solução para o problema, contudo é necessário avanços nos estudos quanto à viabilidade dessa ação.
A escuta pública foi proposta pelo deputado distrital Ricardo Vale, no intuito de antever ações para possíveis problemas futuros e aprimorar o Projeto de Lei (PL) nº 616/2023, de sua autoria, que trata sobre o manejo dos maiores roedores do mundo. Além do parlamentar, a mesa de honra contou também com a presença da advogada do Fórum Nacional de Proteção ao Animal, Ana Paula Vasconcelos; do doutor e pesquisador aposentado da Embrapa, José Roberto Moreira; da assessora da Sema, Luiza Rocha, e do subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero.
Tanto a representante da pasta do meio ambiente quanto o subsecretário fizeram questão de informar a todos os presentes no evento que os órgãos distritais possuem preparo técnico, seguindo rigorosos protocolos, além de ações protetivas e de controle. E, desde maio de 2023, quando surgiram casos de mortes por febre maculosa em outro estado brasileiro, vêm realizando reuniões, com maior frequência, com a sociedade para atendimento das demandas dos mais diversos setores e com os esclarecimentos que se fazem necessários. Vale ressaltar ainda que, segundo a Secretaria de Saúde, o Distrito Federal não registra caso de febre maculosa há 20 anos.
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